terça-feira, 20 de dezembro de 2022

 Celestina e o pinheirinho de Natal

— Oh, Ernesto, olha que pinheirinho tão bonito!

— Está todo torto, Celestina. Aqui havia uma plantação de pinheiros de Natal e deixaram ficar esse porque não era bonito.

— Mas é por isso mesmo que eu gosto dele, Ernesto!

Ernesto e Celestina fazem projetos para a festa de Natal.

— Celestina — diz —, este ano podes escolher tudo o que quiseres para o Natal.

Tudo. Uma festa a sério com todos os teus amigos.

— Posso mesmo escolher, Ernesto?... O que quiser? Acho que já sei...

— Sim? Então?

— Gostava de ter um Natal na neve, junto do meu pinheirinho.

— Celestina... Nós vamos outra vez dar aquele passeio, vamos ver outra vez o pinheirinho... Uma festa a sério, Celestina, uma festa com todos os teus amigos, com prendas, podíamos comprar daqueles chapeuzinhos...

Mas Celestina não muda de ideias.

— Com bolas de Natal, com bolachas e tudo... Música. Mas... o que é que tens?

-  Celestina! Celestina?

— Estás dececionado comigo, Ernesto? Ernesto, eu queria ter um Natal na neve a sério, contigo. Tu e eu, sozinhos, só nós dois. Acendíamos velinhas, tínhamos estrelas a sério no céu... Diz que sim, Ernesto, diz que sim!

— Pronto, está bem. Vais ter o teu Natal na neve. Até podíamos comer lá fora! E fazer uma fogueira!

— Oh, obrigada, Ernesto! E que mais? Diz lá!

— Eu também sonhei com um Natal na neve, quando era pequeno.

— Conta, Ernesto, conta!

À noite, Ernesto está a escrever umas cartas quando Celestina abre a porta da sala.

— Estava a chamar por ti, Ernesto. O que é que estás a fazer?

— Estou a escrever umas cartas.

— Cartas? Cheira tão bem! Estás a fazer bolos?

— Tens de ir dormir, Celestina...

Caro Vladimir:

Encontro no dia 24 pelas 10 horas. Eu e a Celestina estaremos no sítio onde cortaram os pinheiros de Natal.

Bebemos qualquer coisa e, em seguida, festejamos o Natal em nossa casa com bolos, café e com os amigos todos.

Ernesto

Caros amigos:

Venham com as crianças no dia 24 às 10 horas à clareira onde estavam os pinheirinhos de Natal.

Em seguida comemos bolos em casa.

Não digam nada à Celestina. É uma surpresa.

Ernesto

Caro Clemente:

Vem com a tua mulher e com as crianças ao convívio no dia 24, pelas 10 horas na clareira do bosque. Depois aquecemo-nos em minha casa.

Haverá bolos e café.

Não dizer nada à Celestina.

Ernesto

E foi a correr deitá-las no correio.

“Depressa! A Celestina não pode suspeitar de nada!”

— Ernesto! Onde é que estavas? Vamos mesmo fazer tudo o que disseste?

— Está prometido, Celestina.

— Só nós?

— Só nós. Vá, agora vai para a cama, Celestina.

No dia seguinte, Ernesto e Celestina vão ao bosque enfeitar o pinheirinho.

Celestina põe-lhe fitas coloridas e brilhantes e muitas bolinhas. Enquanto isso, Ernesto junta lenha para a fogueira.

Quando está tudo pronto, acendem o lume, duas velas e sentam-se no chão a comer e a admirar o pinheiro. E nesse momento, começam a chegar mais pessoas.

— Oh! Ernesto, olha! Olha tanta gente que está a chegar! Não estamos sozinhos! Porque será?

Todos se cumprimentam, falam, cantam e dançam em volta do pinheirinho.

Quando chega a altura de ir embora, Celestina despede-se do seu pinheiro.

— Amanhã voltamos cá, mas só nós os dois, Celestina. Prometo.

— Então até amanhã, pinheirinho! O Ernesto prometeu-me que vimos!

O convívio com os amigos continua em casa. Riem, contam histórias...

— Agora é a tua vez, Ernesto. Conta-nos os Natais da tua infância!

— Quando eu era pequeno... na minha família, no dia de Natal, costumávamos...

Mais tarde...

— Celestina, as minhas mais belas recordações de Natal são aqueles Natais que passei contigo depois que chegaste. Amanhã voltaremos ao teu pinheirinho... nós os dois.

— Só nós dois?

— Só nós dois...

Bom Natal!

Gabrielle Vincent

Ernest et Célestine – Le sapin de Noël

Paris, Casterman, 2003

(Tradução e adaptação)

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