Celestina e o pinheirinho de Natal
— Oh, Ernesto, olha que pinheirinho tão bonito!
— Está todo torto, Celestina. Aqui havia uma plantação de pinheiros de Natal e deixaram ficar esse porque não era bonito.
— Mas é por isso mesmo que eu gosto dele, Ernesto!
Ernesto e Celestina fazem projetos para a festa de Natal.
— Celestina — diz —, este ano podes escolher tudo o que quiseres para o Natal.
Tudo. Uma festa a sério com todos os teus amigos.
— Posso mesmo escolher, Ernesto?... O que quiser? Acho que já sei...
— Sim? Então?
— Gostava de ter um Natal na neve, junto do meu pinheirinho.
— Celestina... Nós vamos outra vez dar aquele passeio, vamos ver outra vez o pinheirinho... Uma festa a sério, Celestina, uma festa com todos os teus amigos, com prendas, podíamos comprar daqueles chapeuzinhos...
Mas Celestina não muda de ideias.
— Com bolas de Natal, com bolachas e tudo... Música. Mas... o que é que tens?
- Celestina! Celestina?
— Estás dececionado comigo, Ernesto? Ernesto, eu queria ter um Natal na neve a sério, contigo. Tu e eu, sozinhos, só nós dois. Acendíamos velinhas, tínhamos estrelas a sério no céu... Diz que sim, Ernesto, diz que sim!
— Pronto, está bem. Vais ter o teu Natal na neve. Até podíamos comer lá fora! E fazer uma fogueira!
— Oh, obrigada, Ernesto! E que mais? Diz lá!
— Eu também sonhei com um Natal na neve, quando era pequeno.
— Conta, Ernesto, conta!
À noite, Ernesto está a escrever umas cartas quando Celestina abre a porta da sala.
— Estava a chamar por ti, Ernesto. O que é que estás a fazer?
— Estou a escrever umas cartas.
— Cartas? Cheira tão bem! Estás a fazer bolos?
— Tens de ir dormir, Celestina...
Caro Vladimir:
Encontro no dia 24 pelas 10 horas. Eu e a Celestina estaremos no sítio onde cortaram os pinheiros de Natal.
Bebemos qualquer coisa e, em seguida, festejamos o Natal em nossa casa com bolos, café e com os amigos todos.
Ernesto
Caros amigos:
Venham com as crianças no dia 24 às 10 horas à clareira onde estavam os pinheirinhos de Natal.
Em seguida comemos bolos em casa.
Não digam nada à Celestina. É uma surpresa.
Ernesto
Caro Clemente:
Vem com a tua mulher e com as crianças ao convívio no dia 24, pelas 10 horas na clareira do bosque. Depois aquecemo-nos em minha casa.
Haverá bolos e café.
Não dizer nada à Celestina.
Ernesto
E foi a correr deitá-las no correio.
“Depressa! A Celestina não pode suspeitar de nada!”
— Ernesto! Onde é que estavas? Vamos mesmo fazer tudo o que disseste?
— Está prometido, Celestina.
— Só nós?
— Só nós. Vá, agora vai para a cama, Celestina.
No dia seguinte, Ernesto e Celestina vão ao bosque enfeitar o pinheirinho.
Celestina põe-lhe fitas coloridas e brilhantes e muitas bolinhas. Enquanto isso, Ernesto junta lenha para a fogueira.
Quando está tudo pronto, acendem o lume, duas velas e sentam-se no chão a comer e a admirar o pinheiro. E nesse momento, começam a chegar mais pessoas.
— Oh! Ernesto, olha! Olha tanta gente que está a chegar! Não estamos sozinhos! Porque será?
Todos se cumprimentam, falam, cantam e dançam em volta do pinheirinho.
Quando chega a altura de ir embora, Celestina despede-se do seu pinheiro.
— Amanhã voltamos cá, mas só nós os dois, Celestina. Prometo.
— Então até amanhã, pinheirinho! O Ernesto prometeu-me que vimos!
O convívio com os amigos continua em casa. Riem, contam histórias...
— Agora é a tua vez, Ernesto. Conta-nos os Natais da tua infância!
— Quando eu era pequeno... na minha família, no dia de Natal, costumávamos...
Mais tarde...
— Celestina, as minhas mais belas recordações de Natal são aqueles Natais que passei contigo depois que chegaste. Amanhã voltaremos ao teu pinheirinho... nós os dois.
— Só nós dois?
— Só nós dois...
Bom Natal!
Gabrielle Vincent
Ernest et Célestine – Le sapin de Noël
Paris, Casterman, 2003
(Tradução e adaptação)
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