quarta-feira, 28 de setembro de 2016

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“A virtude da vida não está em fazer aquilo que se gosta, e sim gostar daquilo que se faz. Por isso seja forte, não como as ondas que tudo destrói, mas como as pedras que tudo suporta!”
― Clarice Lispector
"Uma história não é mais que um grão de trigo. É ao ouvinte, ao leitor que compete fazê-lo germinar. Se não germina, é questão de falta de ar, de sol, de liberdade, de solidão."

Michel Déon

sábado, 24 de setembro de 2016

O maior poliglota do mundo, retirado do blogue POLYGLOT NERD

O recorde é de um brasileiro chamado Carlos Amaral Freire. Aqui no blog vou colocar uma entrevista feita com ele em 2003, pelo site Jornaleco. E uma reportagem mais recente falando sobre o recorde dele, feito pelo Portal Biguá. Ainda, há uma entrevista disponível no YouTube para quem tiver mais curiosidade.

Reportagem

Poliglota bate o recorde mundial de idiomas

Carlos Amaral Freire, 74, bate o recorde mundial de quem mais estudou idiomas.

O Professor aposentado Carlos Amaral Freire, 74, acabou de bater o recorde mundial de aprendizado de línguas- 115. O recorde anterior era do cardeal italiano Giuseppe Mezzofanti (1774-1849), do século 19, a quem era atribuído o feito de poder traduzir 114 línguas.

Gaúcho de Don Pedrito, fronteira com o Uruguai, Carlos Freire mora num sítio no Morro das Pedras, Florianópolis. Publicou ano passado um livro intitulado “Babel de Idiomas”, onde traduziu para o português poemas em 60 línguas diferentes.

Se não for provado o contrário, Carlos bateu outro recorde: o do ser humano que conseguiu publicar traduzindo para sua língua materna (no caso dele, o português) poemas escritos no maior número de idiomas. O Guinness (livro de recordes) será consultado em breve para dar um parecer.

O Biguaçu em Foco descobriu o professor Carlos Freire, um intelectual arredio a badalações e à autopromoção, por intermédio do professor de árabe e russo, Manhal Kasouha Cherem, de Florianópolis.

O JBFoco publicou reportagem sobre a história do professor Freire em outubro de 2004, matéria esta que acabou sendo premiada neste ano num concurso da Adjori/SC (Associação de Jornais do Interior de Santa Catarina).

Detalhe

Freire não fala 115 línguas. Isso é humanamente impossível. Haja memória! Ele fala umas 30 com ou mais ou menos razoável fluência.

Tem idioma que ele estudou há 30 anos e nunca mais revisou por falta de tempo porque está sempre estudando uma nova língua. E se ele deparar com o idioma estudando há muito tempo, certamente não o lembrará na hora. Ele precisa de algumas horas ou dias para relembrar a língua.

Hoje ele está “enferrujado” na língua macedônia. Mas na década de 1990, Freire surpreendeu um jornalista macedônio (da Macedônia, região da Iugoslávia) dando uma entrevista naquela exótica língua um mês depois que começou a estudar o idioma.

Desde a juventude, ele se dedicou única e exclusivamente ao estudo de idiomas. Continua até hoje com a rotina de passar de três a quatro horas por dia estudando. Na realidade, a capacidade de Freire é traduzir, COM ou SEM DICIONÁRIO, textos nas 115 línguas que estudou. Carlos foi reconhecido pela Universidade de Cambridge, Inglaterra, que lhe conferiu o certificado dos 2001 homens mais surpreendentes do século XX.

Um homem desse merecia até ser um “Globo Repórter” especial.

Lista das 115 línguas estudadas pelo professor Freire

Africânder
Aimará
Albanês
Alemão
Suíço
Árabe
Aramaico
Armênio
Assírio
Azeri
Basco
Bengali
Bielo-russo
Birmanês
Bislama
Bretão
Búlgaro
Caingangue
Cantonês
Casaque
Catalão
Chinês
Coreano
Corso
Crioulo francês do Haiti
Crioulo Giné Bissau
Curdo
Dinamarquês
Egípcio
Eslavônico
Eslovaco
Esloveno
Espanhol
Esperanto
Estoniano
Feróico
Filipino
Finlandês
Francês
Franco-provençal
Frísio
Friulano
Gaélico escocês
Galego
Galês
Georgiano
Grego clássico
Grego moderno
Guarani
Hauça (ou Hausa)
Hebraico
Híndi
Hitita
Holandês
Húngaro
Iídiche
Indonésio
Inglês
Ioruba
Irlandês
Islandês
Italiano
Japonês
Javanês
Khmer
Ladino (Dalmácia)
Ladino (Judeu-Espanhol)
Latim
Letão
Lituano
Luxemburguês
Macedônio
Maia
Malaio
Malgaxe
Maltês
Mapuche
Mongol
Náutle
Neomelanésio
Nepali
Papiamento
Pashto
Persa
Polonês
Provençal
Quíchua
Romanche
Romani (Cigano)
Romeno
Russo
Samoano
Sânscrito
Sardo
Servo-croata
Somali
Sorábio (alto)
Sorábio (baixo)
Suaíli (Swahili)
Sueco
Tailandês
Tâmil
Tártaro
Tcheco
Tibetano
Tupi
Turco
Ucraniano
Uólof (Wolof)
Urdu
Uzbeque
Vietnamita
Volapük
Xavante
Zulu

Entrevista
 
Feita por Janer Cristaldo
 
Considerado pela Universidade de Cambridge como um dos dois mil eruditos do século XXI, ele já estudou sistematicamente mais de cem línguas, das quais domina sessenta. Há mais de quarenta anos vem desenvolvendo o projeto de estudar sistemática e cientificamente duas novas línguas por ano. Traduziu para o português poesias de 60 idiomas, desde o sanscrito até o chinês, reunidos na antologia multilíngüe Babel de Poemas, cuja edição está sendo negociada com a editora gaúcha L&PM. Uma monografia sua, Los fonemas oclusivos y africados del aymara y del georgiano, foi publicada em espanhol pela Universidade de Sucre e traduzida ao russo e ao serbo-croata. Nasceu em Dom Pedrito, RS, há setenta anos e estudou nos Estados Unidos, Espanha, Itália, China, na ex-Iugoslávia, na ex-Tchecolosváquia e na ex-URSS. Tem 70 anos, chama-se Carlos do Amaral Freire e vive atualmente em Florianópolis.

Janer- Onde e como surge teu interesse por línguas?

Carlos - O meu interesse pelo estudo das línguas estrangeiras surgiu cedo, quando era ainda estudante ginasiano, ao dar-me conta de que ler os clássicos estrangeiros em traduções representava uma enorme desvantagem, isto é, que somente lendo no original eu poderia usufruir do prazer estético que só o original oferece plenamente. Depois, o fascínio pelo estudo, pela descoberta, através das línguas, de outros tantos mundos, culturas e maneiras diferentes de pensar tomaram conta de mim, principalmente com as muitas viagens que realizei mais tarde. O conhecimento de muitas línguas estrangeiras deu-me a oportunidade de fazer amizades com muitas pessoas em vários lugares do mundo. O domínio de línguas estrangeiras nos fornece, talvez, a ferramenta mais eficiente para o conhecimento e a aceitação do diferente.

Janer-Te dedicaste nos últimos anos a um empreendimento insólito em língua portuguesa e mesmo nas demais línguas, a tradução de 60 poemas de sessenta idiomas diferentes. Tens dificuldades para a publicação desse trabalho?

Carlos -Há mais de 20 anos venho fazendo traduções, tanto prosa como poesia, de muitíssimas línguas estrangeiras ao português. Primeiramente, comecei a fazer traduções de contos, principalmente, e de poemas como hobby. Ou melhor, como um desafio lingüístico para testar minha própria habilidade e conhecimento das línguas que vinha estudando sistematicamente há mais de 40 anos. Me explico... quando estudo uma determinada língua, me proponho como objetivo final chegar ao ponto de poder traduzir algo dessa língua ao português. E, se possível, conseguir comunicar-me nela oralmente. Comecei com as traduções de pequenos poemas das línguas latinas, germânicas e eslavas. Depois... as demais. Mais tarde, aconselhado por amigos, resolvi reunir todas as traduções a fim de fazer uma antologia multilingüe, na qual constasse o original vis-à-vis com a respectiva tradução ao português. E, como apêndice, pequenas notas biográficas e lingüísticas onde dou algumas informações sobre algumas línguas exóticas ou pouco conhecidas do leitor brasileiro, como georgiano, maltês, romani, papiamento, romanche, indonésio, sauíli, albanês. Etc. Sim, tenho dificuldade de encontrar um editor. Algumas editoras (universitárias, principalmente) disseram-me que havia problemas técnicos – doze alfabetos diferentes, necessidade de criar vários sinais diacríticos e símbolos diferentes – creio porém que a razão principal foi a constatação de que semelhante edição poderia ser onerosa e com pouco retorno financeiro.

Janer -Onde aprendeste línguas não-latinas, como chinês, russo e árabe?

Carlos - As línguas latinas e as germânicas estudei-as em Porto Alegre, na PUC. As eslavas estudei nos Estados Unidos, Itália, Iugoslávia, Tchecolosváquia e na ex-URSS. O russo eu já tinha iniciado aqui no Brasil, com emigrantes, durante a época que estava na universidade. Com o russo criei um método que considero muitíssimo eficiente. Fui morar com uma família russa para ter a possibilidade de aprendê-lo na prática, na necessidade de cada dia. A parte teórica eu estudava sozinho.
O chinês, que tinha começado aqui no Brasil, com nativos dessa língua (o mandarim) tive, mais tarde, a oportunidade de seguir um curso regular na Universidade de Madri e, depois, na Universidade do Texas. Bem mais tarde, por volta de 1985, fiz um curso intensivo na Universidade de Pequim. Estudei o árabe, principalmente, com os muitos amigos palestinos que tinha aqui no Brasil. Depois tive a oportunidade de seguir um curso teórico-prático dessa língua, também na Universidade de Madri.
Em resumo, poderia dizer que estudei umas 30 línguas em cursos regulares, oficiais ou universitários. As demais, estudei-as autodidaticamente. Alguém já disse que as dez primeiras são as mais difíceis. Depois, de acordo com o objetivo em vista ou a necessidade momentânea, a gente inventa o seu próprio método.

Janer-Julgas ser o chinês uma língua simples?

Carlos -Sim, o chinês é muito simples, no sentido lingüístico do termo. Isto é, uma língua simples em contraste com as indo-européias, por exemplo, que são línguas complexas. Creio que esta é, justamente, a razão principal porque a sua aprendizagem se torna tão difícil para nós, ocidentais. Estamos acostumados às estruturas lingüísticas complexas, como a do português. O chinês é extremamente conciso, não tem gêneros nem números gramaticais e o verbo não se conjuga. Simples não é sinônimo de fácil e, no caso do chinês, é antônimo. As estruturas simples tornam-se difíceis, confusas, pois não sabemos como compará-las com as nossas.

Janer -Na Bolívia, encontraste um futuro "não-aristotélico" no aimara. Conta melhor essa descoberta.

Carlos -Durante minha longa estada (dez anos) na Bolívia, onde dirigi o Centro de Estudos Brasileiros em La Paz, nomeado pelo Itamaraty, tratei logo de estudar as línguas altiplânicas, com falantes nativos. Essa experiência me foi muito valiosa, pois pouco mais tarde fui convidado a lecionar Lingüística Contrastiva na Universidade Mayor de San Andrés, em La Paz. Foi comparando as estruturas lingüísticas dessas línguas com várias outras, indo-européias ou não, que cheguei a algumas conclusões interessantes sobre as notáveis semelhanças fonéticas delas com as línguas caucásicas e das características estruturais com as línguas altaicas.
Quanto ao aimara, como demonstrou cabalmente o matemático e aimarista boliviano Guzmán de Rojas, “existe uma lógica lingüística diferente, não-aristotélica, claramente incorporada na sintaxe dessa língua”.
A comunicação deficiente, ou melhor, o desentendimento multissecular entre os indígenas e os conquistadores e seus descendentes explica-se, em grande parte, devido a sua diferente cosmovisão que, no caso dos aimaras, reflete-se nitidamente em sua sintaxe através de morfemas especiais bem definidos. Nós que falamos línguas indo-européias estamos imbuídos da concepção aristotélica, dicotômica, de verdadeiro X falso, certo X errado, sim X não, e temos certa dificuldade em aceitar ou compreender a concepção trivalente: certo-errado-verossímil, do aimara, onde a ambigüidade ou o terceiro não incluído tem valor de verdade. A fim de tornar mais claro o tipo de lógica trivalente do aimara usarei dois exemplos da notável monografia de Guzmán de Rojas, Problemática Lógico-lingüística de la Comunicación Social en el Pueblo Aimara. Quando um falante nativo aimara, expressando-se em espanhol, diz: “- Mañana he de venir nomás”, as palavras usadas não coincidem com o significado que as mesmas têm em espanhol, ou teriam em português. A expressão “nomás”, muito típica do espanhol popular da Bolívia e do Peru, em situações semelhantes, revela, na verdade, o pensamento aimara maltraduzido ao espanhol. Em sua língua materna usaria a frase: “- Qharürux jutätki”, onde o morfema “ki” traduz ou expressa a dúvida simétrica, o terceiro valor da verdade, o que simplesmente não existe em nossas línguas. Usa, pois, a expressão 'nomás” para traduzir o sufixo “ki”, indicativo apenas de verosimilhança.
Na realidade, ele quer dizer o seguinte: “amanhã pode ser que eu venha ou pode ser que eu não venha. Não estou me compromentendo”. Quando diz, porém “- Mañana he de venir pues”, usa o “pues” para traduzir o sufixo “pi” do aimara, que indica certeza. Assim, “- Qharüru jutätpi” é a forma aimara que corresponderia ao nosso “- Amanhã eu virei certamente, me comprometi”. Vemos, portanto, que o aimara tem um futuro positivo, um futuro negativo e um futuro de dúvida simétrica. Assim que, se os nossos políticos falassem em aiamara, teriam de escolher bem o tipo de futuro a que se referem.

Janer -Andei pesquisando sobre o Guzmán de Rojas. Não sei se sabes, mas ele criou o Qopuchawi, um ICQ que traduz instantaneamente mensagens a seis idiomas.

Carlos -Durante minha longa estada em La Paz, tive o privilégio de fazer amizade com Guzmán de Rojas e de acompanhar, de perto, o seu projeto. E sabes qual é a língua que usa como base para a tradução das restantes cinco? É o aimara, uma língua aglutinante de extraordinária regularidade sufixal.

Janer -Tens um estudo sobre as afinidades fonológicas entre o aimara e as línguas caucásicas, publicado pela Universidade de Sucre e traduzido ao russo.

Carlos -A minha monografia se chama Los fonemas oclusivos y africados del aymara y del georgiano, publicado pela Universidade de Sucre. Pouco depois foi traduzido ao russo, pois a comparação com o georgiano sempre interessou os lingüistas soviéticos. Mais tarde, entre 1968-88, período em que exerci a função de Leitor de Língua Portuguesa na Universidade de Belgrado, esse trabalho foi traduzido ao servo-croata, pois despertara muito interesse não apenas aos lingüistas mas também a alguns antropólogos e outros profissionais que assistiram às minhas conferências. Estou convencido de que tanto o quíchua como o aimara são línguas tipologicamente altaicas. Contudo, fonologicamente se assemelham às línguas caucásicas e, particularmente, ao georgiano, a língua materna de Stalin.

Janer -Podes nos contar como chegaste lá?

Carlos -Como cheguei lá? Por acaso... Eu estava dando uma aula de fonologia aos meus alunos de Línguas Latinas da Universidade de La Paz. Apresentei-lhes uma fita gravada numa língua desconhecida para eles (e para mim mesmo, naquela ocasião). Depois de terem ouvido o texto várias vezes no laboratório lingüístico eu lhes pedi que transcrevessem com o alfabeto fonético internacional (IPA) as palavras que tinham escutado repetidas vezes. Terminado o trabalho, verifiquei que aqueles alunos, cujas línguas maternas eram o quíchua e o aimara, acertaram mais de 80% o exercício, enquanto que os falantes nativos de outras línguas tiveram um acerto de, no máximo, 20%. A conclusão? Quem ouve pela primeira vez uma língua desconhecida e consegue identificar mais de 80% de seus fonemas é porque, quase seguramente, esses mesmos fonemas existem nas suas línguas maternas.

Depois disso prossegui com minhas investigações, entrei em contato com colegas da Universidade de Tbilissi, capital da Geórgia e, para minha surpresa, fui convidado a fazer pesquisas de campo in loco pela Academia de Ciências da então República Socialista da Geórgia. O meu trabalho, Los fonemas oclusivos y africados del quecha y del aymara é o resultado prático dessas pesquisas. E, de fato, o georgiano, aquela língua desconhecida das aulas de fonologia, tem notável semelhança fonológica com o aimara.

Janer -Quantas línguas dominas atualmente e quais são teus critérios para dar uma língua por dominada?

Carlos -Dominar completamente uma língua, até mesmo a própria língua materna, é uma empresa extremamente difícil. Pra mim, contudo, dominar uma língua é possuir um conhecimento teórico-prático que me permita comunicar-me nela e de poder traduzir, ainda que com dificuldade, um texto literário. Baseado neste critério, um tanto pessoal, eu poderia dizer que domino umas 30 línguas. Outras tantas posso traduzir, mas tenho pouco conhecimento prático. Quando me perguntam quantas línguas falo (ou domino) prefiro responder que conheço, isto é, que já estudei, com critérios filológicos-lingüísticos, mais de 100 línguas durante um período de mais de 50 anos consecutivos. Depois de me ter formado em Línguas Neolatinas e em Línguas Anglo-germânicas (PUC, 1958), mantenho a tradição de começar a estudar, sistematicamente, ao menos uma nova língua estrangeira no início de cada ano. Já escolhi a próxima, wolof (uólofe), que comecei a estudar no dia 1° de janeiro de 2003.

Janer -Traduzir é impossível. Mas é necessário. Como é que fica um texto traduzido do chinês para o português?

Carlos -Não creio que a tradução seja impossível e, a prova disso é que há traduções realmente notáveis, excelentes, principalmente quando a língua-fonte e a língua-alvo pertencem ao mesmo grupo lingüístico e as culturas que elas veiculam são próximas. Na introdução que faço à minha antologia Babel de Poemas, tento mostrar que a poesia clássica chinesa é quase intraduzível. Pode-se traduzir parte dela, não o todo. Por que? Porque a poesia chinesa é escrita em ideogramas, verdadeira arte plástica. É língua tonal, portanto música. É lirismo, literatura por seu conteúdo poética. O poema chinês é uma combinação dessas três artes: pintura, música e literatura.
A caligrafia chinesa é uma arte que não consiste apenas em caracteres ou palavras para transmitir uma mensagem, mas deve compreender, além disso, um elemento visual que expresse um significado por meio da forma. Os ideogramas têm, portanto, alto valor simbólico, intraduzíveis a outras línguas. A descoberta do imenso valor estético dos ideogramas pelos poetas ocidentais, principalmente Ezra Pound e, depois pelos nossos poetas concretistas, foi uma fonte fecunda de inspiração.
Concluindo, poderíamos dizer que o verdadeiramente intraduzível da poesia chinesa não se escreve, mas se pinta com pincel, arte plástica, ou se ouve, quando se lê em voz alta, combinação de tons, música. O que resta, ao traduzir, é algo abstrato e genérico. É como tirar dessa poesia algo consubstancial ao seu corpo. É justamente essa harmonia intrínseca entre conteúdo, forma e um estilo extremamente conciso o que torna a poesia clássica chinesa quase intraduzível.

Janer -Segundo o lingüista francês Claude Hagège, uma língua desaparece todos os quinze dias. Ou seja, 25 línguas morrem por ano. Mais da metade das 600 línguas indonésias seriam moribundas. O ritmo de extinção de línguas, que já se havia acelerado no século passado, deve atingir grandes proporções neste. Isto empobrece a humanidade? Ou torna mais fácil a comunicação entre os homens?

Carlos -O caso das línguas malaio-polinésicas é muito ilustrativo. Elas são faladas desde Madagascar até a Polinésia. Só na República da Indonésia falam-se mais de duzentas línguas diferentes. Como todas essas línguas pertencem à mesma família lingüística foi relativamente fácil elevar o indonésio á categoria de língua oficial do país, pois ela é uma língua veicular, resultado da simplificação e assimilação de muitas outras línguas locais. Somente aquelas línguas antigas indonésias, que têm história e literatura importantes, como o javanês (60 milhões de falantes), o sudanês, o batak, o madurês, o balinês e poucas outras poderão subsistir por muito tempo. O ritmo de extinção das línguas deverá continuar enquanto os países interessados não tiverem políticas lingüísticas definidas, as condições econômicas necessárias e, acima de tudo, contar com lingüistas competentes que possam estudar e classificar as línguas minoritárias em via de extinção. Para que não desapareçam completamente é absolutamente fundamental que elas não continuem como línguas não-escritas e que haja escolas onde possam ser ensinadas. Teoricamente, é claro que a comunicação entre os homens seria facilitada se houvesse apenas umas poucas línguas, porém é igualmente certo que isso acarretaria um enorme empobrecimento do espírito. As línguas são aspectos fundamentais, únicos e irrepetíveis da experiência humana. E, aliás, a característica maior de nossa espécie. Cada língua que desaparece – principalmente sem deixar vestígios, sem ter sido estudada e documentada – significa a extinção de uma espécie.

Janer -Há um estudo alarmante da Unesco, segundo o qual nada menos 5.500 línguas, entre seis mil, desaparecerão dentro um século. Acreditas nesta possibilidade?

Carlos -Se não tomarem, ao menos, as providências acima enumeradas, o desaparecimento de centenas de línguas será inexorável a curto prazo.

Janer -A expansão do anglo-americano e de outras grandes línguas pode ser responsabilizada por este massacre de línguas?

Carlos -A expansão do anglo-americano, assim como a de todas as grandes línguas internacionais, é a conseqüência lógica das conquistas militares e econômicas, tanto no passado como no presente. A língua do conquistador, geralmente, prevalece.

Janer -Teu atual projeto é estudar o wolof. Consta que esta língua é tão perigosa para as línguas minoritárias do Senegal como o inglês ou o francês, pois não é considerada língua estrangeira e possui o prestígio das grandes línguas africanas. Tens opinião sobre a polêmica?

Carlos -No Senegal existem dez línguas nativas, das quais seis foram promovidas a línguas nacionais. O wolof é compreendido por 80% da população. As seis línguas nacionais – peul, serere, diola, malinke e soninke, além do wolof – são ensinadas nas escolas primárias e difundidas através do rádio e da televisão. O Senegal tem, portanto, uma política lingüística definida e não creio que as outras restantes corram o risco de extinção, não como em outros países. A tendência no Senegal é a de continuar o francês como língua oficial e o wolof como língua veicular mais importante entre as demais etnias.

Janer -Por toda a parte, há esforço de lingüistas tentando salvar línguas faladas por comunidades de até 50 ou 100 pessoas. Vale a pena o esforço?

Carlos - Foi justamente o conhecimento de uma das mais antigas línguas pré-colombianas, o aimara, falado por uns dois milhões de pessoas na Bolívia e no Peru, que levou Guzmán de Rojas a constatar que essa língua nativa tem uma lógica do Terceiro Incluído imbuída em sua sintaxe, isto é, uma lógica trivalente e não a lógica dicotômica (verdadeiro x falso), aristotélica, de todas as línguas indo-européias, de toda a cultura ocidental. Há séculos os falantes dessa língua raciocinam segundo esse princípio, hoje reconhecido e defendido por um grande número de cientistas e filósofos: Lobachewsky, Vasilev e J. Lukasiewicz, na matemática. Planck na física, J. Lacan na psicanálise e muitos outros. Esse é apenas um exemplo eloqüente para comprovar o quanto a lingüística aplicada ao estudo de línguas minoritárias e exóticas poderá contribuir para a ciência, para o conhecimento do homem.
Estou plenamente convencido de que o aprofundamento dos estudos de línguas que expressam culturas não-aristotélicas poderá trazer ainda muitas contribuições nesse campo de investigação do Terceiro Incluído. Creio que a investigação sobre a Weltanschaaung, sobre a cosmovisão de falantes de línguas indígenas, assim como a de falantes do chinês, do japonês e do coreano – e de outras línguas não tributárias do princípio da contradição e da lógica clássica – poderá confirmar, definitivamente, a tese do Terceiro Incluído num futuro próximo. É pertinente lembrar que o próprio Einstein admitiu que o princípio do Terceiro Excluído, da ciência clássica, é apenas um postulado metafísico.
Não há dúvida! Vale a pena o esforço. Essa é uma tarefa absolutamente prioritária da lingüística.

Janer -No País Basco e na Catalunha, as escolas estão dando mais ênfase ao basco e ao catalão que propriamente ao espanhol. Na Espanha, há pais que já não conseguem se comunicar com os filhos. A teu ver, há algum lucro em renunciar a um idioma falado por centenas de milhões de pessoas e encerrar-se em uma língua minoritária, falada apenas por centenas de milhares?

Carlos -O caso do basco (euskera) e do catalão é de outra natureza. O basco continua sendo um enigma para a lingüística. Não tem parentesco cientificamente comprovado com nenhum grupo lingüístico. É uma língua única, amada, estudada e difundida por seus falantes. Ao contrário das centenas de línguas africanas, asiáticas e ameríndias, está longe de desaparecer. Ao contrário, o interesse por ela tem crescido enormemente e está sendo ensinada e difundida pela mídia, em todos os níveis.
O catalão é uma língua de riquíssima história e magnífica literatura. Está fadado a um crescimento constante. Se a política lingüística do governo espanhol continuar democrática como está sendo atualmente, reconhecendo autonomia às províncias com língua e cultura próprias, a sorte delas estará garantida. Somente se houver ruptura do Estado e essas províncias se tornarem independentes, aí sim os seus falantes preferirão a língua materna em detrimento do espanhol.

Janer -Está sendo proposta uma nova língua na Europa, o europanto. To speakare europanto, tu basta mixare alles wat tu know in extranges linguas. Seria a única língua do mundo que se aprende quase sem estudá-la. Teria 42% de inglês, 38% de francês, uns 15% de um misto de outras línguas européias e uns 5% de fantasia. No est englado, non est espano, no est franzo, no est keine known lingua aber du understande. Wat tu know nicht, keine worry, tu invente. Terá futuro?

Carlos -Não creio que o europanto tenha futuro. Aliás, a questão de aceitação de uma língua artificial internacional é mais política do que lingüística. Do ponto de vista puramente lingüístico, o esperanto é uma obra-prima e, no entanto, ainda não conseguiu impor-se como deveria.

Janer -Quantas línguas já esqueceste?

Carlos -É uma boa pergunta... Já esqueci muitas, ou melhor, muitas das línguas que estudei estão bastante desativadas. Contudo, com um pouco de esforço elas poderão ser reativadas novamente. Traduzir, por exemplo, é uma das melhores maneiras de não esquecê-las. Por outro lado a idade – estou com 70 anos – é um fator negativo inexorável.

A Pronúncia do Português | Vozes da Babbel

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quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Os Meses
por Olavo Bilac
Poema publicado em Poesias Infantis




  • Janeiro

Coro das crianças:

Venham os meses desfilando!
Cante cada um por sua vez!
Dancemos todos, escutando
O que nos conta cada mês...

Janeiro:

Eu sou o mês primeiro,
O cálido Janeiro!
Ouvi minha canção!
Dou festas e presentes...
E os corações contentes,
Quando apareço, estão.
Quando apareço, os sinos
Começam cristalinos,
A erguer o alegre som.
Trago para as crianças
Afagos, esperanças,
E festas de Ano-Bom.
Mas, se a alegria espalho,
Desejo que o trabalho
Vos possa reunir:
Meses, eu vos saúdo!
Eu sou o mês do estudo:
As aulas vão se abrir!

Coro das crianças:

Saia da roda o mês primeiro!
Prossiga a dança jovial!
E entre na roda Fevereiro,
Que é o belo mês do Carnaval!


  • Fevereiro


(Coro das crianças:)

Venham os meses desfilando!
Cante cada um por sua vez!
Dancemos todos, escutando
O que nos conta cada mês...

Fevereiro:

Fevereiro, muitas vezes,
No meio dos doze meses,
É o mês mais jovial.
É o mês da mascarada,
Da alegria desvairada,
Das festas do Carnaval.
Saem à rua os diabos,
De longos, vermelhos rabos,
E caras de horrorizar,
E o velho, que, dando o braço
Ao dominó, e ao palhaço,
Diz graçolas, a pular.
Brincai! por estes treze dias
De festas e de alegrias,
Os vossos livros deixai!
Para alegrar vossas almas,
Batei aos máscaras palmas,
— Depois... aos livros voltai!

(Coro das crianças:)


Saia da roda Fevereiro,
Pois já passou a sua vez!
Entre na roda o mês terceiro!
Venha outro mês! venha outro mês!

  • Março


(Coro das crianças:)


Venham os meses desfilando!
Venha cada um por sua vez!
Dancemos todos, escutando
O que nos conta cada mês.

Março:


Março, que se adianta,
Traz a Semana Santa,
Em que Jesus morreu:
Foi pela Humanidade
Que ele, todo bondade
Viveu e padeceu.
Há luto na cidade...
Quem se humilhar não há-de,
Pensando na Paixão?
Na igreja os órgãos cantam,
E as almas se levantam,
Cheias de gratidão.
Orai também, crianças!
E, suspendendo as danças,
Lembrai-vos de Jesus,
Que, mártir voluntário,
Morreu sobre o Calvário,
Nos braços de uma cruz.

(Coro de crianças:)

Março morreu! Prossiga a dança!
Prossiga a ronda juvenil!
E vamos ver que mês avança:
É o mês de Abril!
É o mês de Abril!


  • Abril


(Coro de crianças:)

Passem os meses desfilando!
Venha cada um por sua vez!
Dancemos todos,escutando
O que nos conta cada mês!

Abril:

Eu sou Abril! O seio
Tenho cheiroso, e cheio
De frutos, e de flores.
Abril o outono encerra:
Já pesam sobre a terra
Os últimos calores.
Foi neste mês que, um dia,
O ódio da tirania
Um mártir consagrou.
Saudai o Tiradentes,
E os sonhos resplandentes
Que o seu Ideal sonhou!
Quis ver a Pátria amada
Do jugo libertada,
Digna do seu amor...
— Vós, decorai-lhe a história,
Honrando-lhe a memória!
Saudai o Sonhador!


Coro das crianças:

Um novo passo agora ensaio:
Dancemos todos outra vez!
Entre na toda o mês de Maio,
Saia da roda o quarto mês.


  • Maio


Coro de crianças:

Passem os meses desfilando!
Venha cada um por sua vez!
Dancemos todos, escutando
O que nos conta cada mês!

 Maio:

Dai-me vivas! Dai-me palmas!
Exultem todas as almas,
Cheias de um vivo fulgor
Todo o Brasil, congregado,
Saúde o mês consagrado
da Liberdade e do Amor!
A grande raça oprimida
Abri as portas da vida,
As portas da redenção!
Mudei em risos as dores,
Mudei em tufos de flores
Os ferros da escravidão!
Treze de Maio! A desgraça
Findou de toda uma raça!
— Aos beijos, dando-se as mãos
Os brasileiros se uniram,
e o cativeiro aboliram,
Ficando todos irmãos.

Coro de crianças:

Maio já deu o seu recado...
Prossiga, em danças, a função!
Entre na roda o mês amado,
O alegre mês de São João!

  • Junho


Coro de crianças:

Passem os meses desfilando!
Venha cada um por sua vez!
Dancemos todos, escutando
O que nos conta cada mês!

Junho:

Em chamas alviçareiras,
Ardem, crepitam fogueiras...
— E os balões de São João
Vão luzir, entre as neblinas,
Como estrelas pequeninas,
Entre as outras, na amplidão.
Não há casinha modesta
Que não se atavie, em festa,
Nestas noites, a brilhar:
Não se recordam tristezas...
Estalam bichas chinesas,
Estouram foguetes no ar.
Fogos alegres, pistolas,
Bombas! ao som das violas,
Ardei! cantai! crepitai!
Num largo e claro sorriso,
Seja a terra um paraíso!
Folgai, crianças, folgai!

Coro de crianças:

Aí vem Julho, o mês do frio...
Vamos os corpos aquecer,
Acelerando o rodopio...
— Pode outro mês aparecer!

  • Julho


Coro de crianças:

Passem os meses desfilando!
Venha cada um por sua vez!
Dancemos todos, escutando
O que nos conta cada mês!

Julho:

Mais curtos são os dias...
As noites são mais frias,
E custam a passar...
Que cômodo o descanso,
Na calma, no remanso,
Na placidez do lar...
Que paz, e que franqueza,
Quando, ao redor da mesa,
À luz do lampião,
A gente se congrega,
E ao júbilo se entrega
De doce comunhão!
Amigos, estudemos!
E esta estação saudemos
Bondosa, que nos traz
As longas noites calmas
Que dão às nossas almas
O Amor, o Estudo e a Paz!

Coro de crianças:

O mês de julho oculta o rosto...
O seu encanto se desfez...
Entre na roda o mês de agosto!
Entre na dança o oitavo mês!

  • Agosto


Coro de crianças:

Passem os meses desfilando!
Venha cada um por sua vez!
Dancemos todos, escutando
O que nos conta cada mês!

Agosto:

Com as chuvas derradeiras,
Molham-se as verdes palmeiras
E os canteiros do jardim.
Já que o tempo não melhora,
Deixemos em paz lá fora
O balanço e o trampolim...
Depois das lições, abramos
Livros de contos; leiamos
As ardentes narrações
De aventuras, de viagens
Por inóspitas paragens
E por selvagens sertões...
— De explorações arrojadas
Feitas em zonas geladas,
Em zonas de vivos sóis;
E percorramos a História,
Honrando e amando a memória
Dos justos e dos heróis!

Coro de crianças:

Fugiu Agosto! Pede entrada
Um novo mês que nos vai dar
A Primavera perfumada!
É o nono mês que vai entrar!

  • Setembro


Coro de crianças:

Passem os meses, desfilando!
Venha cada um por sua vez!
Dancemos todos, escutando
O que nos conta cada mês!

Setembro:

Eu trago a primavera;
Trago a aprazível era
De universais festins;
Mais belas, mais viçosas,
Surgem sorrindo as rosas
E as dálias nos jardins.
Sou o jovial setembro!
E as brasileiros lembro
A data sem rival,
Em que o Brasil potente,
Ficou independente
Do velho Portugal.
As vozes elevemos
Em hinos, e beijemos
O pavilhão gentil,
Que nos seu lema encerra
O ideal da nossa terra,
A glória do Brasil!

Coro de crianças:

Adeus, setembro! Já descubro,
Cheio de flores, a cantar,
Lépido e alegre, o mês de Outubro,
Que em nossa roda quer entrar!

  • Outubro


Coro de crianças:

Passem os meses desfilando!
Venha cada um por sua vez!
Dancemos todos, escutando
O que nos conta cada mês!

Outubro:

Foi neste mês que, por mares
Cheios de névoas e azares,
Cristóvão Colombo viu
Um novo e esplêndido Mundo
Surgir do Oceano profundo...
E a América descobriu.
As intrigas, os perigos,
A inveja dos inimigos
Não o puderam vencer;
Viu passarem as procelas
Sobre as suas caravelas,
Sem a esperança perder.
Glória ao Gênio destemido,
Que navegou conduzido
Pela sua intrepidez!
Ergamos a voz em festas
Àquele que estas florestas
Viu pela primeira vez!

Coro de crianças:

Um outro mês já pede entrada:
Deixem-no entrar, que é sua vez!
Em nossa roda bem formada,
Entre cantando um outro mês!


  • Novembro

    

Coro de crianças:

Passem os meses desfilando!
Venha cada um por sua vez!
Dancemos todos, escutando
O que nos conta cada mês!

Novembro:

Neste mês, compremos ramos
De belas flores, e vamos
Aos cemitérios orar!
Só pode ser bom na vida
Quem, com calma comovida,
Sabe os mortos respeitar.
Visitemos os finados,
— Aqueles, que, descansados,
Dormem o sono final!
— Mas, logo depois, cantemos!
E com hinos celebremos
Nossa data nacional!
Pátria que todos amamos!
Aos teus pés depositamos
Saudações e flores mil!
Sempre sobre a tua história
Fulgure a estrela da Glória!
Deus engrandeça o Brasil!

Coro de crianças:

Dançai, dançai mais vivamente!
Saia Novembro, e entre, a cantar
O mês querido que, contente,
As férias vem anunciar!

  • Dezembro


Coro de crianças:

Passem os meses desfilando!
Venha cada um por sua vez.
Dancemos todos, escutando
O que nos conta cada mês!

Dezembro:

Deixemos as coisas sérias!
Sou o belo mês das Férias,
O belo mês do Natal!
Crianças! tendes saudade
Da casa, da liberdade,
Do carinho maternal?
Sou o belo mês da Infância!
— Quem trabalhou com constância,
Debalde não trabalhou:
As aulas estão suspensas;
Tem prêmios e recompensas
Todo aquele que estudou.
Quem estudou, finalmente,
Recebe a paga, contente,
Do sacrifício que fez...
— Férias, colégios fechados
E livros abandonados!...
Eu sou das férias o mês!

Coro de crianças:

Inda uma vez dancemos rindo!
Vamos às casas regressar...
O ano acabou! Dezembro é findo!
Vamos agora descansar!

sábado, 3 de setembro de 2016

Quase 3 centenas  de livros grátis.
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  1. A Divina Comédia -Dante Alighieri
  2. A Comédia dos Erros -William Shakespeare
  3. Poemas de Fernando Pessoa -Fernando Pessoa
  4. Dom Casmurro -Machado de Assis
  5. Cancioneiro -Fernando Pessoa
  6. Romeu e Julieta -William Shakespeare
  7. A Cartomante -Machado de Assis
  8. Mensagem -Fernando Pessoa
  9. A Carteira -Machado de Assis
  10. A Megera Domada -William Shakespeare
  11. A Tragédia de Hamlet, Príncipe da Dinamarca -William Shakespeare
  12. Sonho de Uma Noite de Verão -William Shakespeare
  13. O Eu profundo e os outros Eus. -Fernando Pessoa
  14. Dom Casmurro -Machado de Assis
  15. Do Livro do Desassossego -Fernando Pessoa
  16. Poesias Inéditas -Fernando Pessoa
  17. Tudo Bem Quando Termina Bem -William Shakespeare
  18. A Carta -Pero Vaz de Caminha
  19. A Igreja do Diabo -Machado de Assis
  20. Macbeth -William Shakespeare
  21. Este mundo da injustiça globalizada -José Saramago
  22. A Tempestade -William Shakespeare
  23. O pastor amoroso -Fernando Pessoa
  24. A Cidade e as Serras -José Maria Eça de Queirós
  25. Livro do Desassossego -Fernando Pessoa
  26. A Carta de Pero Vaz de Caminha -Pero Vaz de Caminha
  27. O Guardador de Rebanhos -Fernando Pessoa
  28. O Mercador de Veneza -William Shakespeare
  29. A Esfinge sem Segredo -Oscar Wilde
  30. Trabalhos de Amor Perdidos -William Shakespeare
  31. Memórias Póstumas de Brás Cubas -Machado de Assis
  32. A Mão e a Luva -Machado de Assis
  33. Arte Poética -Aristóteles
  34. Conto de Inverno -William Shakespeare
  35. Otelo, O Mouro de Veneza -William Shakespeare
  36. Antônio e Cleópatra -William Shakespeare
  37. Os Lusíadas -Luís Vaz de Camões
  38. A Metamorfose -Franz Kafka
  39. A Cartomante -Machado de Assis
  40. Rei Lear -William Shakespeare
  41. A Causa Secreta -Machado de Assis
  42. Poemas Traduzidos -Fernando Pessoa
  43. Muito Barulho Por Nada -William Shakespeare
  44. Júlio César -William Shakespeare
  45. Auto da Barca do Inferno -Gil Vicente
  46. Poemas de Álvaro de Campos -Fernando Pessoa
  47. Cancioneiro -Fernando Pessoa
  48. Catálogo de Autores Brasileiros com a Obra em Domínio Público -Fundação Biblioteca Nacional
  49. A Ela -Machado de Assis
  50. O Banqueiro Anarquista -Fernando Pessoa
  51. Dom Casmurro -Machado de Assis
  52. A Dama das Camélias -Alexandre Dumas Filho
  53. Poemas de Álvaro de Campos -Fernando Pessoa
  54. Adão e Eva -Machado de Assis
  55. A Moreninha -Joaquim Manuel de Macedo
  56. A Chinela Turca -Machado de Assis
  57. As Alegres Senhoras de Windsor -William Shakespeare
  58. Poemas Selecionados -Florbela Espanca
  59. As Vítimas-Algozes -Joaquim Manuel de Macedo
  60. Iracema -José de Alencar
  61. A Mão e a Luva -Machado de Assis
  62. Ricardo III -William Shakespeare
  63. O Alienista -Machado de Assis
  64. Poemas Inconjuntos -Fernando Pessoa
  65. A Volta ao Mundo em 80 Dias -Júlio Verne
  66. A Carteira -Machado de Assis
  67. Primeiro Fausto -Fernando Pessoa
  68. Senhora -José de Alencar
  69. A Escrava Isaura -Bernardo Guimarães
  70. Memórias Póstumas de Brás Cubas -Machado de Assis
  71. A Mensageira das Violetas -Florbela Espanca
  72. Sonetos -Luís Vaz de Camões
  73. Eu e Outras Poesias -Augusto dos Anjos
  74. Fausto -Johann Wolfgang von Goethe
  75. Iracema -José de Alencar
  76. Poemas de Ricardo Reis -Fernando Pessoa
  77. Os Maias -José Maria Eça de Queirós
  78. O Guarani -José de Alencar
  79. A Mulher de Preto -Machado de Assis
  80. A Desobediência Civil -Henry David Thoreau
  81. A Alma Encantadora das Ruas -João do Rio
  82. A Pianista -Machado de Assis
  83. Poemas em Inglês -Fernando Pessoa
  84. A Igreja do Diabo -Machado de Assis
  85. A Herança -Machado de Assis
  86. A chave -Machado de Assis
  87. Eu -Augusto dos Anjos
  88. As Primaveras -Casimiro de Abreu
  89. A Desejada das Gentes -Machado de Assis
  90. Poemas de Ricardo Reis -Fernando Pessoa
  91. Quincas Borba -Machado de Assis
  92. A Segunda Vida -Machado de Assis
  93. Os Sertões -Euclides da Cunha
  94. Poemas de Álvaro de Campos -Fernando Pessoa
  95. O Alienista -Machado de Assis
  96. Don Quixote. Vol. 1 -Miguel de Cervantes Saavedra
  97. Medida Por Medida -William Shakespeare
  98. Os Dois Cavalheiros de Verona -William Shakespeare
  99. A Alma do Lázaro -José de Alencar
  100. A Vida Eterna -Machado de Assis
  101. A Causa Secreta -Machado de Assis
  102. 14 de Julho na Roça -Raul Pompéia
  103. Divina Comedia -Dante Alighieri
  104. O Crime do Padre Amaro -José Maria Eça de Queirós
  105. Coriolano -William Shakespeare
  106. Astúcias de Marido -Machado de Assis
  107. Senhora -José de Alencar
  108. Auto da Barca do Inferno -Gil Vicente
  109. Noite na Taverna -Manuel Antônio Álvares de Azevedo
  110. Memórias Póstumas de Brás Cubas -Machado de Assis
  111. A "Não-me-toques"! -Artur Azevedo
  112. Os Maias -José Maria Eça de Queirós
  113. Obras Seletas -Rui Barbosa
  114. A Mão e a Luva -Machado de Assis
  115. Amor de Perdição -Camilo Castelo Branco
  116. Aurora sem Dia -Machado de Assis
  117. Édipo-Rei -Sófocles
  118. O Abolicionismo -Joaquim Nabuco
  119. Pai Contra Mãe -Machado de Assis
  120. O Cortiço -Aluísio de Azevedo
  121. Tito Andrônico -William Shakespeare
  122. Adão e Eva -Machado de Assis
  123. Os Sertões -Euclides da Cunha
  124. Esaú e Jacó -Machado de Assis
  125. Don Quixote -Miguel de Cervantes
  126. Camões -Joaquim Nabuco
  127. Antes que Cases -Machado de Assis
  128. A melhor das noivas -Machado de Assis
  129. Livro de Mágoas -Florbela Espanca
  130. O Cortiço -Aluísio de Azevedo
  131. A Relíquia -José Maria Eça de Queirós
  132. Helena -Machado de Assis
  133. Contos -José Maria Eça de Queirós
  134. A Sereníssima República -Machado de Assis
  135. Iliada -Homero
  136. Amor de Perdição -Camilo Castelo Branco
  137. A Brasileira de Prazins -Camilo Castelo Branco
  138. Os Lusíadas -Luís Vaz de Camões
  139. Sonetos e Outros Poemas -Manuel Maria de Barbosa du Bocage
  140. Ficções do interlúdio: para além do outro oceano de Coelho Pacheco. -Fernando Pessoa
  141. Anedota Pecuniária -Machado de Assis
  142. A Carne -Júlio Ribeiro
  143. O Primo Basílio -José Maria Eça de Queirós
  144. Don Quijote -Miguel de Cervantes
  145. A Volta ao Mundo em Oitenta Dias -Júlio Verne
  146. A Semana -Machado de Assis
  147. A viúva Sobral -Machado de Assis
  148. A Princesa de Babilônia -Voltaire
  149. O Navio Negreiro -Antônio Frederico de Castro Alves
  150. Catálogo de Publicações da Biblioteca Nacional -Fundação Biblioteca Nacional
  151. Papéis Avulsos -Machado de Assis
  152. Eterna Mágoa -Augusto dos Anjos
  153. Cartas D'Amor -José Maria Eça de Queirós
  154. O Crime do Padre Amaro -José Maria Eça de Queirós
  155. Anedota do Cabriolet -Machado de Assis
  156. Canção do Exílio -Antônio Gonçalves Dias
  157. A Desejada das Gentes -Machado de Assis
  158. A Dama das Camélias -Alexandre Dumas Filho
  159. Don Quixote. Vol. 2 -Miguel de Cervantes Saavedra
  160. Almas Agradecidas -Machado de Assis
  161. Cartas D'Amor - O Efêmero Feminino -José Maria Eça de Queirós
  162. Contos Fluminenses -Machado de Assis
  163. Odisséia -Homero
  164. Quincas Borba -Machado de Assis
  165. A Mulher de Preto -Machado de Assis
  166. Balas de Estalo -Machado de Assis
  167. A Senhora do Galvão -Machado de Assis
  168. O Primo Basílio -José Maria Eça de Queirós
  169. A Inglezinha Barcelos -Machado de Assis
  170. Capítulos de História Colonial (1500-1800) -João Capistrano de Abreu
  171. CHARNECA EM FLOR -Florbela Espanca
  172. Cinco Minutos -José de Alencar
  173. Memórias de um Sargento de Milícias -Manuel Antônio de Almeida
  174. Lucíola -José de Alencar
  175. A Parasita Azul -Machado de Assis
  176. A Viuvinha -José de Alencar
  177. Utopia -Thomas Morus
  178. Missa do Galo -Machado de Assis
  179. Espumas Flutuantes -Antônio Frederico de Castro Alves
  180. História da Literatura Brasileira: Fatores da Literatura Brasileira -Sílvio Romero
  181. Hamlet -William Shakespeare
  182. A Ama-Seca -Artur Azevedo
  183. O Espelho -Machado de Assis
  184. Helena -Machado de Assis
  185. As Academias de Sião -Machado de Assis
  186. A Carne -Júlio Ribeiro
  187. A Ilustre Casa de Ramires -José Maria Eça de Queirós
  188. Como e Por Que Sou Romancista -José de Alencar
  189. Antes da Missa -Machado de Assis
  190. A Alma Encantadora das Ruas -João do Rio
  191. A Carta -Pero Vaz de Caminha
  192. LIVRO DE SÓROR SAUDADE -Florbela Espanca
  193. A mulher Pálida -Machado de Assis
  194. Americanas -Machado de Assis
  195. Cândido -Voltaire
  196. Viagens de Gulliver -Jonathan Swift
  197. El Arte de la Guerra -Sun Tzu
  198. Conto de Escola -Machado de Assis
  199. Redondilhas -Luís Vaz de Camões
  200. Iluminuras -Arthur Rimbaud
  201. Schopenhauer -Thomas Mann
  202. Carolina -Casimiro de Abreu
  203. A esfinge sem segredo -Oscar Wilde
  204. Carta de Pero Vaz de Caminha. -Pero Vaz de Caminha
  205. Memorial de Aires -Machado de Assis
  206. Triste Fim de Policarpo Quaresma -Afonso Henriques de Lima Barreto
  207. A última receita -Machado de Assis
  208. 7 Canções -Salomão Rovedo
  209. Antologia -Antero de Quental
  210. O Alienista -Machado de Assis
  211. Outras Poesias -Augusto dos Anjos
  212. Alma Inquieta -Olavo Bilac
  213. A Dança dos Ossos -Bernardo Guimarães
  214. A Semana -Machado de Assis
  215. Diário Íntimo -Afonso Henriques de Lima Barreto
  216. A Casadinha de Fresco -Artur Azevedo
  217. Esaú e Jacó -Machado de Assis
  218. Canções e Elegias -Luís Vaz de Camões
  219. História da Literatura Brasileira -José Veríssimo Dias de Matos
  220. A mágoa do Infeliz Cosme -Machado de Assis
  221. Seleção de Obras Poéticas -Gregório de Matos
  222. Contos de Lima Barreto -Afonso Henriques de Lima Barreto
  223. Farsa de Inês Pereira -Gil Vicente
  224. A Condessa Vésper -Aluísio de Azevedo
  225. Confissões de uma Viúva -Machado de Assis
  226. As Bodas de Luís Duarte -Machado de Assis
  227. O LIVRO D'ELE -Florbela Espanca
  228. O Navio Negreiro -Antônio Frederico de Castro Alves
  229. A Moreninha -Joaquim Manuel de Macedo
  230. Lira dos Vinte Anos -Manuel Antônio Álvares de Azevedo
  231. A Orgia dos Duendes -Bernardo Guimarães
  232. Kamasutra -Mallanâga Vâtsyâyana
  233. Triste Fim de Policarpo Quaresma -Afonso Henriques de Lima Barreto
  234. A Bela Madame Vargas -João do Rio
  235. Uma Estação no Inferno -Arthur Rimbaud
  236. Cinco Mulheres -Machado de Assis
  237. A Confissão de Lúcio -Mário de Sá-Carneiro
  238. O Cortiço -Aluísio Azevedo
  239. RELIQUIAE -Florbela Espanca
  240. Minha formação -Joaquim Nabuco
  241. A Conselho do Marido -Artur Azevedo
  242. Auto da Alma -Gil Vicente
  243. 345 -Artur Azevedo
  244. O Dicionário -Machado de Assis
  245. Contos Gauchescos -João Simões Lopes Neto
  246. A idéia do Ezequiel Maia -Machado de Assis
  247. AMOR COM AMOR SE PAGA -França Júnior
  248. Cinco minutos -José de Alencar
  249. Lucíola -José de Alencar
  250. Aos Vinte Anos -Aluísio de Azevedo
  251. A Poesia Interminável -João da Cruz e Sousa
  252. A Alegria da Revolução -Ken Knab
  253. O Ateneu -Raul Pompéia
  254. O Homem que Sabia Javanês e Outros Contos -Afonso Henriques de Lima Barreto
  255. Ayres e Vergueiro -Machado de Assis
  256. A Campanha Abolicionista -José Carlos do Patrocínio
  257. Noite de Almirante -Machado de Assis
  258. O Sertanejo -José de Alencar
  259. A Conquista -Coelho Neto
  260. Casa Velha -Machado de Assis
  261. O Enfermeiro -Machado de Assis
  262. O Livro de Cesário Verde -José Joaquim Cesário Verde
  263. Casa de Pensão -Aluísio de Azevedo
  264. A Luneta Mágica -Joaquim Manuel de Macedo
  265. Poemas -Safo
  266. A Viuvinha -José de Alencar
  267. Coisas que Só Eu Sei -Camilo Castelo Branco
  268. Contos para Velhos -Olavo Bilac
  269. Ulysses -James Joyce
  270. 13 Oktobro 1582 -Luiz Ferreira Portella Filho
  271. Cícero -Plutarco
  272. Espumas Flutuantes -Antônio Frederico de Castro Alves
  273. Confissões de uma Viúva Moça -Machado de Assis
  274. As Religiões no Rio -João do Rio
  275. Várias Histórias -Machado de Assis
  276. A Arrábida -Vania Ribas Ulbricht
  277. Bons Dias -Machado de Assis